Um fato que me assusta quase toda vez quando ando as ruas é o desejo das pessoas de anularem sua individualidade. A norma vigente apenas muda depois de alguns anos, mas todos a seguem com o mesmo afinco e sem reflexão nenhuma. Será que uma pequena hesitação faz mal por parte de daqueles que aderem a essa exterioridade normalizadora chamada "moda"?
Longe de expressar alguma união com o uno impessoal, aquela "vontade" sem individualização da metafísica Schopenhaueriana, a prática apenas leva a uma aceitação sub-reptícia ambígua, do prazer de ver no outrem o eu, do modelo próprio ser aceito fora-de-si. Antes de aproveitar toda a riqueza da relação do sujeito com o seu προσόπος (a máscara do indivíduo, o seu atuar na sociedade), anulam-o com um arquétipo esperado, conhecido e previsível. A existência pode parecer fria e dolorosa com todos os suas questões, com a sua liberdade-prisão, mas parece que um comportamento estereotipado anula essas questões, retira da vida toda a sua complexidade, relega ao não pensar as questões mais ricas da existência.
Há dois termos que acho essencial para a vida: idiossincrasia e dúvida. A individualidade consiste nesta idiossincrasia expressa, a capacidade de expressar toda série de subjetivismo, seja sobre as eternas questões humanas, seja sobre a novidade da época vivente. Toda comunicação humana se passa por este fenômeno, de expressar sua opinião pessoal, a sua configuração de sentidos única. Se fossemos todos iguais, seria redundante e desnecessário qualquer tipo de comunicação.
Sem falar que a igualdade dos indivíduos seria o completo tédio. Prefiro que haja dúvidas assoladoras, questões existenciais insolúveis que o tédio; é necessário evitá-lo, odiá-lo, enquanto é evitável. O principium individuationis deve ser um princípio mesmo, o de afirmar a sua subjetividade (e originalidade) diante toda a existência.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
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eu acho que mesmo com as pessoas seguindo a moda, podemos observar toques pessoais (individuais) que cada um da na roupa do dia a dia...
ResponderExcluirengracado eh pensar na msg q as roupas passam, dependendo com vc se veste, eh tratado de maneira diferente.
Droga, o google comeu meu comentário. Se ele aparecer misteriosamente, esqueça-o.
ResponderExcluirEu ando sempre na moda, benhê. Você sou eu e eu sou todo mundo.
Vestido vermelho com bolinhas brancas.
Moda é completamente dispensável. Por que lguém tem que ser julgado pelo que veste e não pela maneira como pensa ou age?
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