quarta-feira, 28 de abril de 2010

2 - O inédito.

Outro dia, depois de longos dias na minha rotina vigente, tomei um ônibus de uma linha que não pegava a meses, e fui encontrar amigos. no trajeto de tal ônibus me surpreendi que frescor havia naquele dia, um ar fresco que passava os meus sentidos olfativos. Enfim, um traço de inesperado apareceu naquele momento, que teria tudo para ser outro qualquer. Tão agradável que tenho pena de quem nunca sentiu isto.
Naquele breve momento de "ar puro" estava toda a novidade do mundo, da vida sempre apresentar novas coisas, mesmo que nada de grandioso ou "heróico". Junto com este acontecimento minha mente afluía pensamentos de igual frescor, um ânimo sádio, revigorante. Agora se o mundo é que estava novo, ou a minha percepção, não sei, me misturo com o meu sentir, ele não se separa do pensar, do mundo.
Alegre e motivado percebi que esta era a riqueza do enunciado, das frases. Não apenas as orações são inéditas, mas o mundo todo. Apenas copiamos do mundo essa novidade constante. Talvéz isto garanta a dignidade da vida, a fuga do tédio e da escravidão explícita. Ou seja apenas um ânimo temporário. Mas de qualquer jeito, uma realidade saudável, um "ar fresco", um inédito.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

1 - Principium individuationis

Um fato que me assusta quase toda vez quando ando as ruas é o desejo das pessoas de anularem sua individualidade. A norma vigente apenas muda depois de alguns anos, mas todos a seguem com o mesmo afinco e sem reflexão nenhuma. Será que uma pequena hesitação faz mal por parte de daqueles que aderem a essa exterioridade normalizadora chamada "moda"?

Longe de expressar alguma união com o uno impessoal, aquela "vontade" sem individualização da metafísica Schopenhaueriana, a prática apenas leva a uma aceitação sub-reptícia ambígua, do prazer de ver no outrem o eu, do modelo próprio ser aceito fora-de-si. Antes de aproveitar toda a riqueza da relação do sujeito com o seu προσόπος (a máscara do indivíduo, o seu atuar na sociedade), anulam-o com um arquétipo esperado, conhecido e previsível. A existência pode parecer fria e dolorosa com todos os suas questões, com a sua liberdade-prisão, mas parece que um comportamento estereotipado anula essas questões, retira da vida toda a sua complexidade, relega ao não pensar as questões mais ricas da existência.

Há dois termos que acho essencial para a vida: idiossincrasia e dúvida. A individualidade consiste nesta idiossincrasia expressa, a capacidade de expressar toda série de subjetivismo, seja sobre as eternas questões humanas, seja sobre a novidade da época vivente. Toda comunicação humana se passa por este fenômeno, de expressar sua opinião pessoal, a sua configuração de sentidos única. Se fossemos todos iguais, seria redundante e desnecessário qualquer tipo de comunicação.

Sem falar que a igualdade dos indivíduos seria o completo tédio. Prefiro que haja dúvidas assoladoras, questões existenciais insolúveis que o tédio; é necessário evitá-lo, odiá-lo, enquanto é evitável. O principium individuationis deve ser um princípio mesmo, o de afirmar a sua subjetividade (e originalidade) diante toda a existência.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

0 - Prelúdio

Começar a escrever é trabalhoso. Ter o acuidade, a concentração e traduzir toda a torrente do pensar cotidiano é uma tarefa que parece simples, mas não é. A esperança reside em que o costume faça os entraves diminuírem; que a pena acostume a trabalhar sem cessar.

Por treino e gosto penso que valha a pena escrever, mas que também fique gravado a evolução ou o desvario do momento que se escreve. Chega ser divertido ler o que se escreveu depois de algum tempo, ver os erros, a ingenuidade, a turves que a ideia foi concebida, desde que se abandone a vergonha que se sente ao olhar o suave erro que aquele texto traduz.

Com este breve prelúdio inicio mais um tentativa adquirir algum rigor sem ser rigoroso. E sem olvidar a possibilidade de debater e querelar. Por isto qualquer coisa que eu escreva aqui não terá rigor, não será maturado pelo exame constante necessário a boa escrita.

Obs: tenho um texto ou outro por terminar e revisar de um ano ou mais de idade que colocarei em breve. Como disse, ignorarei a ingenuidade deles.