sábado, 12 de fevereiro de 2011

Limitado.

Prostrado no leito, a face transpira na odiosa calmaria. Em semelhante estado se encontra algumas ideias: esqueceu-se de deitá-las fora.
-"Aonde termina o mundo e eu começo?"

O gotejar túmido do cabelo molha o roto travesseiro.
-"Quanto do mundo não sou eu próprio?"

O zunido do silêncio esporadicamente é cortado por algum chiado no horizonte.
-"Eu meço o mundo ou ele me ensina a limitar?"

Um vago gosto insignificante incomoda a boca. Uma sede que não vale o esforço de levantar.
-"Percebo algo que não seja eu mesmo?"

O clima opressor se mantêm, as pálpebras cerradas não resolvem se abrir. Há um burburinho qualquer que escorre da janela: mescla-se no chão com o suor pegajoso, com a dúvida leviana.
-"Há, efetivamente, apenas um pronome?"